Marte

Trecho de diário pessoal reproduzido em artigo da Enciclopédia Galáctica, escrito por uma soldada durante a 1ª Guerra Marciana, durante as quais forças russas e chinesas tentaram reivindicar Marte e dar início à colonização espacial, sem sucesso. Após a falha das iniciativas dos dois países, devido aos altos custos econômicos e humanos causado pela guerra, ambos removeram-se da corrida espacial, abrindo espaço para outras nações.

“O gosto do sangue se espalha pela boca. Povos inteiros, mortos entre as dunas… o sol a brilhar vermelho no espaço, a lembrança de dias tranquilos a passar pela cabeça… o som dos tiros a furar as memórias. Meu Deus, o que nos tornamos?

“Quantos dias passamos perdidos, Mara? Quantos dias se passaram desde que nos separamos? Essa guerra, tão descabida, me faz ter certeza de que o gene do mal é o nosso mais velho ancestral. Dele viemos e por causa dele sucumbiremos entre as estrelas da Via Láctea.

“Amaldiçoado seja o primeiro russo que se apoderou desse planeta; amaldiçoado seja o primeiro chinês que questionou a sua posse! Que sejam amaldiçoadas suas bocas, instigadoras de batalhas, e caiam suas mãos, levantadoras de armas… seus olhos, desejo que se queimem, pois ao verem a destruição causada a pedido de suas pátrias, preferiram fechá-los do que se compadecer dos que morriam ou socorrer os aflitos.

“Esse planeta é vermelho como o sangue que nos obrigam a derramar em sua terra. Quando, anos mais tarde, tudo for esquecido e essa batalha não passar de história antigas e desacreditada, dessa terra brotarão cidades e das cidades, colherão os frutos de um futuro dourado… mas sob o solo, Mara, lavado de suor e lágrimas, estarão para sempre sepultados os esqueletos da única verdade humana: somos filhos do mal e o mal nos encontrará no fim.”

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